sexta-feira, dezembro 10, 2010

Nota de Agradecimento e Convite


Por Thais J. Castro – thaisju@hotmail.com

Cheguei em casa e me propus uma missão: procurar palavras que tentassem se aproximar das sensações que o show me causou. Minha formação musical se resume às aulas de piano e teoria musical durante a infância e adolescência. Longe de mim ter nível técnico que possa julgar a competência dos músicos em palco. Mas tenho uma forte intuição de que qualquer um que tenha este discernimento concordaria com a exuberância das performances que vêm sendo exibidas esta semana na Mostra de Música do Sesc Arsenal 2010.

Além de repertório variado e encantador, as improvisações invadem a alma. Trazem um comichão que faz vibrar o corpo, mexem mãos e dedos, pés e cabeças. Notas que alcançam dentro do peito; olhos e ouvidos que se perdem com uma miscelânea tão grandiosa de sons. E entre os músicos, uma cordialidade como que de quem disfarça saber ser tão competente e incrível quanto o colega. Um espaço onde não há sobreposição, onde transitam instrumentos em comunhão plena e cada um se oferece pela valorização do outro.

Baquetas firmes e pontuadas, tão velozes quanto surpreendentes nas mãos de Alex Buck e felizmente, com a participação de Sandro de Souza na apresentação de quinta. Um cenário perfeito para recepcionar as cordas do baixo que deslizam rendidas aos dedos de André Vasconcelos. Acolhe arranjos entusiasmados, mesmo se discretos na guitarra de Daniel Santiago; um fôlego incansável e som furioso que invade o espaço através do saxofone de Josué Lopez bradando por uma resposta.

Resposta? Ela vem, pelas beiradas, quase intimista, mas audaciosa, toma corpo, conquista território e marca presença ao som do piano de David Feldman. E como se não bastasse, o já respeitado e mundialmente conhecido baixo de Ebinho Cardoso se transforma em coadjuvante quando, diante deste complexo de instrumentos, ele solta a voz em timbres e línguas encantadas, comove a platéia e a leva com ele para esse mundo de quase magia. Divirto-me lembrando que em algum momento ele teve a modéstia de dizer que “não era cantor”. (Ah se fosse, hem Ebinho?)

É pena a quantidade de cadeiras vazias superior àquelas ocupadas pelo público. Tenho pena daqueles que não foram e perderam a oportunidade de se enriquecer com a explosão de sentimentos que tem sido vivenciar estas horas de música e descontração. Show a show a sintonia cresce no palco e um diálogo silencioso toma conta da atmosfera. Chega uma hora, no entanto, que sorrisos e contrições musculares não bastam. Público e artistas extrapolam, soltam as vozes e palmas em manifestações incontroláveis de satisfação.

Estamos em Cuiabá. Recebemos músicos de várias partes do Brasil reconhecidos mundialmente e falta público para assisti-los. Falta o que? Divulgação? Vontade? Falta vergonha na cara, para como disse o Ebinho, “desligar a televisão e ir lá”? Acho que tenho vergonha de lembrar que é de graça – e mesmo assim, falta público. Falta até mesmo tantos dos músicos matogrossenses para prestigiar quem vem de fora. Mas que alívio que sobra também vontade de realizar para pessoas como Rejane e Ebinho.

E sobra humildade também. Encontrei com o Ebinho no corredor, na quarta, e ele me agradeceu por ter ido, como costumo vê-lo agradecer sempre aos presentes. Respondi por educação: “que isso”. Mas a verdade é que sou eu quem tenho muito a agradecer por ter a oportunidade de vivenciar momentos como estes. Cheguei em casa emocionada, elétrica, entusiasmada, engasgada, feliz. Tentei encontrar palavras, mas é certo que perdi todas elas no orgiasmo que vivi esta noite. Obrigada a cada um destes músicos maravilhosos!

Tem mais! Que bom! Aos que puderem, não percam a oportunidade de assistir nesta sexta, dia 10 de dezembro!

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